Cardozo foi um dos que ajudaram Dilma a redigir o pronunciamento, planejado sob medida para que ela não deixasse dúvidas de que é vítima de uma vingança. Depois do discurso, a presidente recebeu no Planalto o apoio de vários deputados e senadores da base aliada e também de outros ministros.
“Vamos trabalhar e conquistar politicamente a derrota do impeachment”, reagiu Dilma. Um dos presentes contou que, por mais estranho que possa parecer, a sensação dela, naquele momento, parecia ser de alívio. A presidente chegou a dizer que a aprovação da mudança da meta fiscal pelo Congresso, ontem, provava que o governo pode vencer os mais duros obstáculos.
Dilma falou com o vice Michel Temer (PMDB) apenas por telefone e recebeu uma ligação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que também conversou com Wagner. Lula disse que o governo tinha condições de recompor sua base e derrubar o impeachment, reunindo 171 votos no plenário.
Nas fileiras do PMDB, porém, muitos estranharam o comportamento de Lula, que lavou as mãos e não enquadrou o PT.
Ao anunciar que votariam contra Cunha, os três deputados petistas no Conselho de Ética atenderam ao apelo do presidente da sigla, Rui Falcão, e à pressão de militantes, mas contrariaram o núcleo duro do Planalto. O governo já esperava, desde então, que Cunha aceitasse o pedido de afastamento de Dilma. Antes de declarar guerra, no entanto, ele avisou Temer.
Na avaliação de auxiliares da presidente, o PMDB deu sinal verde para o impeachment e já se prepara para abandonar Dilma, desviando os holofotes da Lava Jato. Embora uma ala do governo ache que é melhor enfrentar logo o processo no plenário, o clima de incertezas faz com que a apreensão tome conta do Planalto. Foi um ano perdido para Dilma, que até agora não conseguiu governar.
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