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Em 2014, Brasil subiu uma posição, para 44º lugar, em ranking que mede o estado da democracia no mundo; Noruega lidera lista |
De acordo com o levantamento Democracy Index 2014
(Índice de Democracia 2014), o Brasil foi considerado, no ano passado, o
44º país mais democrático do mundo entre 165 nações independentes e
dois territórios. É também o quinto país da América Latina mais bem
avaliado, atrás de Uruguai, Costa Rica, Chile e Jamaica. Em 2013, o
Brasil ocupava a 45ª posição na lista.
O ranking geral é liderado pela Noruega, seguido da Suécia, Islândia, Nova Zelândia, Dinamarca e Suíça.
Apesar de ter sido o único país da América Latina que
obteve, no ano passado, um melhor desempenho na comparação com 2013, o
Brasil ainda tem uma democracia considerada "falha" e sofre com uma
"desilusão popular sobre o estado da grande política", assinala o
relatório.
Segundo a pesquisa, essa frustração "ficou evidente na
vitória da presidente Dilma Rousseff nas eleições presidenciais de
outubro, que ela ganhou por margens apertadas".
Além disso, o Brasil obteve, no ano passado, a mesma
nota ─ 7,38 ─ do que em 2006, quando o ranking, que está na sétima
edição, foi publicado pela primeira vez. A escala varia entre 0 a 10
(quanto mais próximo de 10, "mais democrático" é considerado o país
avaliado).
Índide de Democracia 2014
Por tipo de regime:
Democracias 'plenas': 24 países (12,5% da população mundial)
Democracias 'falhas': 52 países (35,5% da população mundial)
Regimes híbridos: 39 países (14,4% da população mundial)
Regimes autoritários: 52 países (37,65 da população mundial)
Democracias 'falhas': 52 países (35,5% da população mundial)
Regimes híbridos: 39 países (14,4% da população mundial)
Regimes autoritários: 52 países (37,65 da população mundial)
Categorias
O levantamento é baseado em 60 indicadores agrupados em
cinco categorias: "processo eleitoral e pluralismo"; "liberdades civis";
"funcionamento do governo"; "participação política" e "cultura
política". Dependendo da nota que recebem em cada um desses quesitos, os
países são divididos em quatro tipos de regime: "democracias plenas";
"democracias falhas"; "regimes híbridos" e "regimes autoritários".
Considerado "uma democracia falha" segundo o ranking, o
Brasil obteve a menor pontuação na categoria "participação política" e a
maior em "processo eleitoral e pluralismo".
De acordo com a EIU, as democracias consideradas
"falhas" estão concentradas na América Latina e no leste europeu, e, em
menor grau, na Ásia.
Na região, apenas Uruguai (17º lugar) e Costa Rica (24º
lugar) são considerados "democracias plenas". O único país avaliado como
"regime autoritário" é Cuba (127º lugar).
"Apesar de o progresso na democratização da América
Latina nas últimas décadas, muitos países da região têm democracias
frágeis. Os níveis de participação política são geralmente baixos e as
culturas democráticas fracas. Tem havido também um retrocesso nos
últimos anos em algumas áreas, como a liberdade de imprensa", sugere a
pesquisa.
De acordo com o relatório, embora tenha havido "ganhos
substanciais" no estabelecimento de uma "democracia eleitoral" nas
últimas três décadas, o Brasil, assim como o restante do continente, vem
tendo dificuldades em obter mais avanços na democratização.
"A região foi sacudida por ditaduras que abundaram nos
anos 70 e 80 e eleições livres e justas estão agora bem estabelecidas
por toda a América Latina e as liberdades civis são respeitadas",
informa a pesquisa.
"No entanto, a pontuação da América Latina no Índice de
democracia permaneceu largamente inalterada (...). Isso indica problemas
profundamente enraizados envolvendo a cultura política, a participação
política e o funcionamento do governo, que não vêm sendo endereçados",
acrescenta o estudo.
O relatório destaca que o avanço tímido nessa área
contrasta com as "grandes melhorias econômicas" verificadas no
continente na última década, "incluindo taxas de crescimento sólidas,
desemprego em queda, aumento do salário mínimo e políticas sociais que
reduziram a desigualdade de renda e retiraram milhões da pobreza".
Obstáculos
"No entanto, o crescimento da classe média na América
Latina na última década lançou luz sobre as contínuas falhas dos
governos da região em fornecer serviços básicos, falhas essas associadas
com as persistentes fraquezas institucionais e a corrupção endêmica".
Segundo a pesquisa, as altas taxas de pobreza e as
disparidades regionais e de renda vêm "complicando a governabilidade e
alimentando a frustração pública".
"Essa frustração ficou evidente nos imensos protestos
públicos no Brasil na metade de 2013, motivados pelo fracasso do Estado
em fornecer serviços básicos adequados, e mais recentemente nos
protestos no México contra violência e corrupção em 2014", indica o
relatório.
"Mas o engajamento com as políticas e as organizações
políticas, por outro lado, se mantém baixo, em meio à baixa confiança no
governo e à percepção de que as instituições públicas são corruptas e
irresponsáveis", acrescenta a pesquisa.
"Esse é um reflexo, pelo menos em parte, das fraquezas
institucionais que vão levar muitos anos para serem solucionadas e que,
por enquanto, continuam a minar o fortalecimento dos fundamentos
democráticos na América Latina."
Para Irene Mia, diretora para a América Latina da EIU, a
baixa participação dos brasileiros na política é resultado da
precariedade da educação formal, em linha com o restante do continente.
"O Brasil não está mal posicionado no ranking. Houve
significativos avanços nos últimos anos. As instituições civis
prosperaram, mas a população não se sente protegida pelo governo”, disse
ela à BBC Brasil.
"Além disso, apesar de os protestos que vimos
recentemente, é preciso lembrar que a conscientização política ainda é
muito limitada no país, especialmente entre os estudantes e nas grandes
cidades", acrescentou.
"Há também uma dificuldade de acesso a fontes
alternativas de informação e o baixo nível educacional restringe a
participação mais ativa do brasileiro na política", conclui.
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