Agência Brasil-O número de indivíduos em situação de
miséria no Brasil subiu pela primeira vez em dez anos. Em 2013, a
população abaixo da linha de extrema pobreza aumentou 3,68%, a primeira
alta desde 2003. Os dados foram divulgados pelo Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada (Ipea). O órgão não apresentou nenhum estudo. Apenas
atualizou as estatísticas na platatorma de dados Ipeadata no fim da
semana passada, em 30 e 31 de outubro.
O total de pessoas que vivem na extrema pobreza passou de 10.081.225,
em 2012, para 10.452.383 no ano passado. A proporção de extremamente
pobres subiu de 5,29% para 5,50%, também a primeira alta desde 2003.
Para definir a extrema pobreza, o Ipea considera os critérios da
Organização Mundial de Saúde (OMS) e da Organização das Nações Unidas
para Alimentação e Agricultura (FAO). Os dois organismos baseiam-se em
uma estimativa do valor de uma cesta de alimentos com o mínimo de
calorias necessárias para suprir adequadamente uma pessoa.
Com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o levantamento do Ipea
define diferentes valores para a linha de extrema pobreza em 24 regiões
do país. Cada área tem uma faixa mínima de renda abaixo da qual se
caracteriza situação de miséria.
O Ipea, no entanto, também fez os cálculos conforme os parâmetros do
Programa Brasil sem Miséria, que estabelece em R$ 77 per capita por mês a
linha de extrema pobreza. Pelos critérios oficiais, o percentual da
população em situação de miséria também subiu, de 3,6%, em 2012, para
4%, em 2013. Foi a primeira alta desde o início da série histórica, em
2004.
Apesar do aumento da população em extrema pobreza, a população em
situação de pobreza (que enfrenta carências, mas não é classificada como
miserável) continuou a cair no ano passado pelos critérios da FAO e da
OMS. O total passou de 30.350.786 em 2012 para 28.698.598 em 2013,
redução de 5,44%. Em termos percentuais, a fatia de pobres caiu de
15,93% para 15,09%.
O Ipea define a linha de pobreza como o dobro da linha de extrema
pobreza. Pelos parâmetros do Programa Brasil Sem Miséria, no entanto, a
proporção de pobres subiu no ano passado, de 8,9% para 9%.
Procurado pela Agência Brasil, o Ipea informou que
não vai se manifestar sobre os dados. De acordo com o órgão, um
pronunciamento depende da apresentação dos respectivos estudos sobre a
renda das famílias brasileiras, que ainda não foram divulgados. Apenas
os números foram lançados na plataforma de dados.
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