quarta-feira, 20 de setembro de 2023

Em protesto contra o marco temporal, indígenas fecham rodovia no sul da Bahia

 

Indígenas da etnia Pataxó fecharam a BR-101 no trecho do Parque Nacional Monte Pascoal, na cidade de Itamaraju, extremo sul da Bahia, e pediram a derrubada do marco temporal, nesta quarta-feira (20), quando o julgamento deve voltar a ser feito pelo Supremo Tribunal Federal (STF). 

O líder indígena Zeca Pataxó disse ao g1 que espera que o protesto gere impacto na votação do Marco Temporal. O grupo levou diversas faixas do Movimento Indígena da Bahia e entoou cânticos da etnia Pataxó. A manifestação é pacífica, acompanhada por crianças e idosos.

A Polícia Rodoviária Federal (PRF) informou que o bloqueio começou por volta das 9h e a previsão é de que a pista seja liberada às 17h. Nenhum desvio foi indicado pela corporação, que informou ainda não saber a quilometragem do congestionamento causado, porque não há sinal de celular no local.

A tese que define o marco temporal estabelece que os povos originários só têm direito às terras que foram ocupadas no dia da promulgação da Constituição, em 5 de outubro de 1988. Caso o marco temporal seja aprovado, indígenas só poderão reivindicar a posse de áreas que ocupavam nessa data.

Os indígenas são contra o marco temporal porque muitas comunidades foram retiradas de suas terras durante a Ditadura Militar. Além disso, muitas etnias são nômades e não ocupavam, necessariamente, nas áreas tradicionais em 5 de outubro de 1988.

A discussão que envolve o marco temporal é defendida por ruralistas, que querem ocupar as terras tradicionais. Até o momento, o placar da votação para a aprovar a tese está em quatro ministros contra, e dois ministros a favor da medida que limita novas demarcações de terras indígenas.

Os Ministros que votaram contra são Luiz Edson Fachin, que é relator do caso, Alexandre de Moraes, Cristiano Zanin e Luís Roberto Barroso. Os Ministros que votaram a favor são Kassio Nunes Marques e André Mendonça.

Cinco ministros ainda não votaram a tese do marco temporal: Cármen Lúcia, Dias Toffoli, Gilmar Mendes, Luiz Fux e Rosa Weber, que é a presidente da Corte. Weber, que se aposentará ainda este mês, destacou que pretende votar antes de deixar a Corte.

A decisão do STF é importante porque espelhará as decisões de juízes em instâncias inferiores, em casos semelhantes. Além disso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, governadores e prefeitos também terão que seguir as orientações nos processos de demarcação ainda pendentes.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

AVISO: O conteúdo de cada comentário é de única e exclusiva responsabilidade do autor da mensagem.