Indígenas da etnia Pataxó fecharam a BR-101 no trecho do Parque Nacional Monte Pascoal, na cidade de Itamaraju, extremo sul da Bahia, e pediram a derrubada do marco temporal, nesta quarta-feira (20), quando o julgamento deve voltar a ser feito pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
O líder indígena Zeca Pataxó disse ao g1 que espera que o protesto gere impacto na votação do Marco Temporal. O grupo levou diversas faixas do Movimento Indígena da Bahia e entoou cânticos da etnia Pataxó. A manifestação é pacífica, acompanhada por crianças e idosos.
A Polícia Rodoviária Federal (PRF) informou que o bloqueio começou por volta das 9h e a previsão é de que a pista seja liberada às 17h. Nenhum desvio foi indicado pela corporação, que informou ainda não saber a quilometragem do congestionamento causado, porque não há sinal de celular no local.
A tese que define o marco temporal estabelece que os povos originários só têm direito às terras que foram ocupadas no dia da promulgação da Constituição, em 5 de outubro de 1988. Caso o marco temporal seja aprovado, indígenas só poderão reivindicar a posse de áreas que ocupavam nessa data.
Os indígenas são contra o marco temporal porque muitas comunidades foram retiradas de suas terras durante a Ditadura Militar. Além disso, muitas etnias são nômades e não ocupavam, necessariamente, nas áreas tradicionais em 5 de outubro de 1988.
A discussão que envolve o marco temporal é defendida por ruralistas, que querem ocupar as terras tradicionais. Até o momento, o placar da votação para a aprovar a tese está em quatro ministros contra, e dois ministros a favor da medida que limita novas demarcações de terras indígenas.
Os Ministros que votaram contra são Luiz Edson Fachin, que é relator do caso, Alexandre de Moraes, Cristiano Zanin e Luís Roberto Barroso. Os Ministros que votaram a favor são Kassio Nunes Marques e André Mendonça.
Cinco ministros ainda não votaram a tese do marco temporal: Cármen Lúcia, Dias Toffoli, Gilmar Mendes, Luiz Fux e Rosa Weber, que é a presidente da Corte. Weber, que se aposentará ainda este mês, destacou que pretende votar antes de deixar a Corte.
A decisão do STF é importante porque espelhará as decisões de juízes em instâncias inferiores, em casos semelhantes. Além disso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, governadores e prefeitos também terão que seguir as orientações nos processos de demarcação ainda pendentes.
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