segunda-feira, 7 de agosto de 2017

NÃO VOLTA, JOÃO!

Por Gilberto Soares.


João amava sua cidade. Cresceu, mudou-se, especializou-se em serviço de climatização, e agora deseja voltar ao local onde nasceu para "servir" seu povo.

Ele objetiva ganhar a licitação do município para prestar seus serviços aos órgãos públicos locais.

Mas é bom que se diga que João anda muito apegado ao dinheiro. Em verdade, só deseja voltar a sua terra porque seu sogro, vereador, foi reeleito, e com isso acredita que poderá ser beneficiado.

Voltemos às eleições. 

Antes de decidir retornar à terra que diz amar, João alardeou aos seus conterrâneos, as "virtudes" do seu sogro candidato, tentando a todos convencer, pois segundo ele, era o "melhor" de todos os políticos.

Mas o fato é que João estava pensando na sua empresa,  no contrato com o ente público municipal, nas benesses que poderia obter com a vitória política do seu sogro, enfim...

Ele não estava preocupado com a falta de emprego dos seus conterrâneos. Não se importava se o seu sogro prometia em palanque o que sabia não poder cumprir. Ignorava o fato de que essa vitória representaria o quarto mandato de um edil interesseiro, corrupto e afeto aos negócios estritamente pessoais. Desprezava a constatação de que assim como os outros, esse tal candidato era mais uma marionete do jogo político, incapaz de denunciar as falcatruas e lesões ao erário, desde que o seu bolso sempre estivesse cheio da generosidade de um prefeito igualmente corrupto.

João sabia de tudo isso, e mais: Sabia que sua empresa, embora não preenchesse os requisitos técnicos, financeiros e jurídicos, seria, ainda assim, contratada pelo poder público, pois o seu sogro, uma vez eleito, daria aquele velho "jeitinho" brasileiro, desde que o João, é claro, superfaturasse notas, tudo como  forma de retribuir a "bondade" política.

Ah! João! Quanto amor pela sua terra natal, que tanto sofre com a falta de merenda escolar para as crianças; das muitas ruas sem asfalto e sem pavimentação; da falta de saneamento básico; dos jovens conterrâneos desempregados e lançados ao mundo do tráfico; da cidade que perdeu suas tradições, cultura, lazer, diversão...

Quanto amor, João! 

Por conta de gente como você, é que a política, nessa terra que decantas amor, não passa de um jogo de interesses! 

Por favor, João, não volte!

Você cresceu!

Aqui, já não é mais o seu lugar!

De desserviços como o seu, já estamos cansados, lesados, supersaturados!

Vê se não volta, João!



(1º Domingo de Agosto de 2017, desta altura, de onde vejo muitos Joões)

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