Por Gilberto Soares.
João amava sua cidade. Cresceu, mudou-se, especializou-se em serviço de climatização, e agora deseja voltar ao local onde nasceu para "servir" seu povo.
Ele objetiva ganhar a licitação do município para prestar seus serviços aos órgãos públicos locais.
Mas é bom que se diga que João anda muito apegado ao dinheiro. Em verdade, só deseja voltar a sua terra porque seu sogro, vereador, foi reeleito, e com isso acredita que poderá ser beneficiado.
Voltemos às eleições.
Antes de decidir retornar à terra que diz amar, João alardeou aos seus conterrâneos, as "virtudes" do seu sogro candidato, tentando a todos convencer, pois segundo ele, era o "melhor" de todos os políticos.
Mas o fato é que João estava pensando na sua empresa, no contrato com o ente público municipal, nas benesses que poderia obter com a vitória política do seu sogro, enfim...
Ele não estava preocupado com a falta de emprego dos seus conterrâneos. Não se importava se o seu sogro prometia em palanque o que sabia não poder cumprir. Ignorava o fato de que essa vitória representaria o quarto mandato de um edil interesseiro, corrupto e afeto aos negócios estritamente pessoais. Desprezava a constatação de que assim como os outros, esse tal candidato era mais uma marionete do jogo político, incapaz de denunciar as falcatruas e lesões ao erário, desde que o seu bolso sempre estivesse cheio da generosidade de um prefeito igualmente corrupto.
João sabia de tudo isso, e mais: Sabia que sua empresa, embora não preenchesse os requisitos técnicos, financeiros e jurídicos, seria, ainda assim, contratada pelo poder público, pois o seu sogro, uma vez eleito, daria aquele velho "jeitinho" brasileiro, desde que o João, é claro, superfaturasse notas, tudo como forma de retribuir a "bondade" política.
Ah! João! Quanto amor pela sua terra natal, que tanto sofre com a falta de merenda escolar para as crianças; das muitas ruas sem asfalto e sem pavimentação; da falta de saneamento básico; dos jovens conterrâneos desempregados e lançados ao mundo do tráfico; da cidade que perdeu suas tradições, cultura, lazer, diversão...
Quanto amor, João!
Por conta de gente como você, é que a política, nessa terra que decantas amor, não passa de um jogo de interesses!
Por favor, João, não volte!
Você cresceu!
Aqui, já não é mais o seu lugar!
Aqui, já não é mais o seu lugar!
De desserviços como o seu, já estamos cansados, lesados, supersaturados!
Vê se não volta, João!
(1º Domingo de Agosto de 2017, desta altura, de onde vejo muitos Joões)
(1º Domingo de Agosto de 2017, desta altura, de onde vejo muitos Joões)
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