Em
depoimento à Justiça Eleitoral realizado nesta quarta-feira (1), o executivo Marcelo
Odebrecht, herdeiro e ex-presidente do grupo que leva seu sobrenome, afirmou
que 4/5 das doações para a campanha presidencial de Dilma
Rousseff tiveram como origem o caixa 2. A audiência comandada pelo
ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Herman Benjamin ocorreu na sede
do Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR), em Curitiba.
Segundo relatos, Marcelo afirmou no
depoimento que a petista tinha dimensão da contribuição e dos pagamentos,
também feitos por meio de caixa 2, ao então marqueteiro do PT, João
Santana. A maior parte dos recursos destinados ao marqueteiro era repassada em
espécie.
As negociações eram feitas diretamente entre
Marcelo, Santana e o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega. Na audiência,
Marcelo cita inclusive um encontro que teria tido com Dilma no México, ocasião
em que teria lembrado que os pagamentos feitos a Santana estavam
“contaminados”, uma vez que as offshores utilizadas por executivos do grupo
serviam para pagamento de propina.
Marcelo
lembrou que o valor acertado para a campanha presidencial do PT de
2014 foi de R$ 150 milhões. Deste total, R$ 50 milhões eram uma contrapartida à
votação da medida provisória do Refis, encaminhada ao Congresso em 2009, que
beneficiou a Braskem, empresa petroquímica controlada pela Odebrecht e pela
Petrobras.
Ao detalhar a distribuição de recursos,
Marcelo informou ainda que R$ 10 milhões foram diretamente para a campanha de
Dilma, como doação oficial. Outros R$ 5 milhões foram repassados via PT. Também
teriam ocorridos pagamentos de “dezena de milhões” para partidos aliados.
Marcelo foi questionado sobre o início da
relação com o governo do PT. Ele ressaltou que as primeiras conversas ocorreram
em 2008, quando o ex-ministro Antônio Palocci o procurou para pedir doações
para as eleições municipais daquele ano, especificamente para as que João
Santana estava trabalhando.
Na ocasião, o empresário disse a Palocci que
não lidava com campanha municipal, mas apenas com as presidenciais. Considerou,
contudo, que podia ser acertado um valor para 2010 e que, quando chegasse o
período da campanha presidencial, a quantia entregue para a campanha municipal
seria descontada. Quando Palocci deixou a Casa Civil, Dilma teria definido que
o novo interlocutor seria Guido Mantega, dessa forma estava encerrada a conta
“italiano” e esta sendo aberta a “pós-italia”.*Agência
Estado
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