Pesquisa feita com jovens que terminaram o ensino médio mostra que há uma desconexão entre o que é ensinado nas escolas e os conhecimentos e habilidades exigidos na vida adulta. A pesquisa Projeto de Vida – O papel da Escola na Vida dos Jovens, da Fundação Lemann, foi apresentada na quarta-feira (8) em seminário que debate a base curricular nacional comum para a educação básica.
A análise dos resultados mostra que falta aos jovens competências básicas em comunicação, raciocínio lógico e tecnologia. Também foi constatado que há dificuldades de interpretar o que leram, de se expressar oralmente e de construir argumentos consistentes. Além disso, os entrevistados sentem dificuldades para escrever textos do dia a dia como um e-mail e enfrentam problemas com a concordância e ortografia.
Foram entrevistados jovens que concluíram o ensino médio – 80% de escolas públicas – que ingressaram recentemente no mercado de trabalho, na faculdade, além de professores, empregadores, especialistas em educação e organizações não governamentais que atuam na formação e orientação de jovens.
No campo do raciocínio lógico, a pesquisa mostra que os jovens não dominam conteúdos básicos da matemática, têm dificuldades com estimativas de valores, com cálculos de descontos e reajustes e para ler planilhas e gráficos.
Jovens ouvidos relataram que já erraram ao passar troco a clientes e que saíram da escola sem noções básicas de informática, o que dificultou a entrada no mercado de trabalho. “Apesar de extensos, ainda falta aos currículos conteúdos e habilidades que são essenciais para a vida adulta”, diz a pesquisa Projeto de Vida.
Ela aponta que a base curricular nacional comum para a educação infantil, fundamental e média, em discussão no Ministério da Educação, é uma oportunidade de diminuir a desconexão entre o que é ensinado na escola e o que o jovem realmente precisa aprender.
O diretor executivo da Fundação Lemann, Denis Mizne, avalia que a base comum pode contribuir para que a escola abandone o papel de ser apenas um transmissor de conteúdo e prepare o estudante para que ele tenha bom desempenho nas atividades da vida cotidiana. “Nosso grande desafio na construção da base comum é escolher o que é essencial, não o mínimo, e não se limitar a listagens, mas ir além e mostrar como as disciplinas se conectam, como agregar a isso as habilidades do século 21, ser mais investigativo, mais crítico”, disse.
O secretário de Educação Básica do Ministério da Educação, Manoel Palácios, explicou que o MEC criou um grupo de trabalho responsável pela redação de uma proposta preliminar da base nacional comum curricular. A proposta é estabelecer um amplo debate para a elaboração do documento, ouvindo professores, estudantes, secretários de Educação, especialistas e organizações envolvidas com o tema. “Colheremos as opiniões de professores e de estudantes que também devem participar desse debate. Especialmente, os estudantes que estão no ensino médio e tem a expectativa de ingresso na universidade e de profissionalização, para se manifestarem sobre os objetivos de aprendizagem que integrarão a base comum”, disse Palácios.
A pesquisa recomenda que a base comum contribua para tornar o estudo mais atrativo ao aluno, inclua habilidades socioemocionais, respeite as diversidades regionais, correlacione as habilidades e ensine o que é fundamental aos alunos aprenderem. As discussões sobre a base curricular nacional foram feitas em Brasília, no Seminário Internacional Base Nacional Comum: o que Podemos Aprender com as Evidências Nacionais e Internacionais. O evento foi organizado pelo Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed) e a União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime). Com informações do Estadão Conteúdo.
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