Pela primeira vez, o Vaticano sinaliza que a Igreja
pretende “garantir um espaço de fraternidade em sua comunidade” aos gays
e rever o veto à comunhão existente hoje para os divorciados.
Em uma mudança clara, segundo teólogos, de tom, onde
a condenação passa a dar lugar à conciliação e à acolhida, o texto diz
que os homossexuais têm “dons e qualidades a oferecer” e que os
católicos que se separaram não podem ser discriminados, mas convidados a
participar da Eucaristia.
Ainda preliminar, o documento divulgado na
segunda-feira (13) resume os debates ocorridos ao longo do Sínodo da
Família, encontro iniciado há uma semana com a participação de 200
bispos, e atende ao pedido feito pelo papa Francisco de discutir
abertamente assuntos controversos para a Igreja.
Ao mesmo tempo em que acena com a mudança, o texto
assinado pelo cardeal húngaro Péter Erdö, relator do Sínodo, reafirma a
oposição ao casamento gay e ao uso de métodos contraceptivos, conforme
definido pela encíclica Humanae Vitae.
Os temas polêmicos tratados durante o encontro
deverão ser levados às comunidades com uma série de
questionamentos. Para o padre José Oscar Beozzo, que também é
historiador, a publicação indica que a Igreja pode assumir uma postura
mais pastoral.
“É o que o papa tem nos ensinado. Temos de estar
abertos a compreender e não simplesmente condenar”, afirma. Apesar de
não estipular novas regras, ao menos por enquanto, o documento
preliminar do Sínodo revela uma disposição da Igreja em alterar a forma
de tratar católicos que se divorciaram. Hoje, a decisão final sobre
esses casos é tomada por Roma e costuma demorar.
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