Kiara avançou em homem que invadiu a casa da família em Pilar do Sul. Menina relatou o crime após ficar cinco dias em coma induzido.
A vira-lata Kiara, que pertence a uma família de Pilar do Sul, a 150 quilômetros de São Paulo, ganhou fama na cidade na última quinta-feira (4). Ela atacou um estuprador e impediu que a dona, uma menina de 10 anos, fosse violentada. A tentativa de estupro ocorreu em 30 de agosto, quando o homem invadiu a casa da menina, que estava sozinha. O estupro só não foi praticado porque Kiara interveio e mordeu várias vezes o criminoso, que ainda acertou a cabeça da menina com um pilão antes de fugir.
Após a agressão, a menina ficou em coma por cinco dias. A princípio, a
família achou que ela tinha sofrido uma queda, mas, na quinta-feira,
quando ela acordou, conseguiu contar aos pais o que tinha acontecido.
Com base na descrição que ela fez do criminoso, a Polícia Civil
conseguiu chegar até o agressor, preso na sexta-feira (5) com ferimentos
na perna, causados pelas mordidas de Kiara.
O pai, o trabalhador rural Sebastião dos Santos, conta que foi o
primeiro a conversar com a filha depois que ela saiu do coma. "Eu
cheguei, abracei e peguei na mão dela. Ela então me disse que era para
eu pegar o homem que tinha tentado estuprá-la. Na hora, para saber se
ela estava lúcida, comecei a perguntar os nossos nomes e até de amigos
dela na escola. Ela lembrou de tudo, daí tive certeza que ela tinha sido
ferida por uma pessoa", conta.
No dia do crime a criança estava sob os cuidados do irmão mais velho e
da cunhada, que moram nos fundos do imóvel. Ela contou aos pais que o
agressor estava passando pela calçada quando a viu e pediu um copo
d’água. Quando ela entrou para pegar água foi seguida pelo homem, que a
atacou. A menina conseguiu correr para o quarto e gritou por Kiara, que
começou a morder o criminoso. Mas, antes de fugir, ele ainda bateu na
menina com o pilão.
O pai conta que a família chegou a pensar em se desfazer da cachorra
antes da agressão. "Houve uma época em que a gente pensou em mandar ela
embora porque dá trabalho, mas agora não vamos largar dela mais.
Primeiramente foi Deus que ajudou a salvar a minha filha. Segundo, foi a
cachorra, a nossa heroína. A gente já imaginava que a cachorra era
capaz de defender a minha filha porque dá para perceber que ela tem
muito amor pela criança."
Segundo a Polícia Civil, o agressor tinha saído de um hospital
psiquiátrico em Franco da Rocha, na Grande São Paulo, no fim de julho. A
prisão temporária do suspeito foi decretada por 30 dias e ele foi
levado para cadeia de Pilar do Sul. A menina passa bem, mas ainda não há
previsão de alta.
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