O
dinheiro é um meio ou se transformou em fim único e último da existência do
humano? Vive-se para ganhar dinheiro ou ganha- se dinheiro para se viver? Qual
seria a relação entre o dinheiro, os políticos e o poder? É possível ser
político sem dinheiro? É possível ter muito dinheiro sem participar do poder? O
dinheiro salva as campanhas (caríssimas) de muitos políticos; seria também a
perdição deles, quando toda corrupção é exposta ao detergente do sol? Vamos anaisar.
Dinheiro e vida formam um
par inseparável. No princípio o humano só produzia o que consumia (daí a origem
da palavra economia: oiko-nomia = governo da casa). Quando ele
começou a produzir em excedência nasceram o mercado, o dinheiro, a economia
coletiva, a estocagem, o comércio, o transporte etc.
O dinheiro é o motor da
vida, da existência individual. E também da prosperidade coletiva. Também faz
parte da política. Já dizia o livro de Eclesiastes “Todas as coisas obedecem ao
dinheiro; o dinheiro é poderoso”. O teólogo holandês Erasmo de Rotterdam
(1466-1536) recorda que ”O dinheiro é a vida dos mortais miseráveis). Ainda: “
O dinheiro é a segunda vida do humano”.
A questão é como ganhá-lo
e o que fazer com ele?
Alguns se contêm e ganham dinheiro honestamente. Outros,
porque venais no sentido negativo, se podem “tomam, roubam, furtam, afanam,
malufam”. Aqui entram, particularmente, os políticos e alguns funcionários do
Estado. Os que não podem afanar, se vendem, se corrompem. São venais, nesse
sentido negativo, tanto os que corrompem quanto os que são corrompidos.
Corromper é também afanar, roubar, tomar.
5. O mundo moderno é a
confirmação de toda sabedoria histórica (acima sintetizada) retratada nos
pensamentos dos fundadores na nossa cultura. A relação entre o dinheiro e o
poder muda conforme cada momento. Hoje sustenta-se abertamente que o dinheiro
se tornou um fim em si mesmo. Hoje
claramente o dinheiro se tornou um fim em si mesmo. Ele existe prioritariamente
para gerar mais dinheiro (prioritariamente não mais para a produção, não mais
para o comércio, não mais para a compra de títulos nobiliários etc.). Do
vínculo entre o poder e o dinheiro algo de surreal está ocorrendo nas
democracias venais: nelas o dinheiro é o meio para se exercer o poder e o poder
é o meio de se fazer dinheiro. Somados, dinheiro e poder produzem e reproduzem
mais poder. A manutenção do poder depende de dinheiro e o dinheiro financia
essa reprodução do poder para conquistar mais poder. O escândalo da Petrobras
retrata com fidelidade tudo quanto acaba de ser dito.
Sendo assim, não há dúvida que o dinheiro é a salvação da
manutenção do poder, porém, quando toda corrupção para conquistá-lo vem a
público, o dinheiro se torna uma perdição para os governos corruptos (seja de
direita, de esquerda ou de centro; seja central ou periférico; seja comunista
ou capitalista). O dinheiro, que é a salvação num momento, pode se transformar
em perdição. A cultura, a indignação, a Justiça, a revolta popular, as classes
dominantes: elas é que definem o destino dos governos corruptos, que se
deslegitimam quando descobertos com a boca e as mãos (normalmente com dez
dedos) na botija.
Fonte: Jusbrasil
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