A partir de 22 de agosto, o atendimento das unidades judiciais do Poder
Judiciário da Bahia será feito em esquema de "turnão". A medida -
prevista na Resolução Nº 11, publicada no Diário da Justiça Eletrônico,
na última quarta-feira - visa concentrar as atividades dos servidores e
melhorar a prestação de serviço, segundo o Tribunal de Justiça da Bahia
(TJ-BA).
Com a mudança, todos os servidores distribuídos nas diversas varas do
TJ-BA passarão a trabalhar entre 8h e 15h, de maneira ininterrupta.
Atualmente, o expediente é dividido em dois turnos (o primeiro entre 7h e
13h e o segundo entre 13h e 19h).
A lei não vai proporcionar grandes mudanças ao cidadão que busca
atendimento judicial para resolver causas de menor complexidade. Isso
porque a regra não se aplica aos juizados especiais (o que inclui o de
Defesa do Consumidor e o de Causas Comuns), aos protocolos judiciais e
aos serviços de distribuição de 1º e 2º graus.
Cartórios extrajudiciais, responsáveis por autenticação de documentos,
registro de nascimento, casamento e óbito, também não terão o horário de
serviço alterado.
Audiências
A mudança ocorrerá nos cartórios judiciais e vai afetar ações como a
realização de audiências, a abertura e consulta de processos e a
retirada de documentos como alvará judicial e antecedentes criminais. As
audiências agendadas antes da publicação da resolução serão mantidas no
mesmo horário. Uma das expectativas do TJ-BA é melhorar as
dificuldades ocasionadas pela falta de servidores. O Judiciário baiano
conta hoje com 9.200 servidores.
De acordo com a Associação dos Magistrados da Bahia (Amab), um terço
dos 538 juízes baianos que atuam na primeira instância não tem
assessores ou servidores. O Judiciário estadual tem aproximadamente 1,5
milhão de processos que estão acumulados, só no primeiro grau da
jurisdição.
Para a juíza Marielza Brandão Franco, presidente da Amab, o turnão é
uma solução provisória que pode resolver o problema da falta de
profissionais. Ela critica, entretanto, a forma como foi implementado.
"Não houve debate com advogados ou com a associação dos magistrados",
afirma. Para a juíza, o horário do turno único é inadequado e prejudica a
saúde dos servidores. "Não vamos parar para almoçar. O horário ideal
seria de 12h às 19h", opinou.
Outra expectativa do TJ-BA é que a medida proporcione redução de
custos. De acordo com a assessoria de comunicação do TJ-BA, estima-se
que, com a concentração das atividades, serão economizados R$ 7 milhões
com serviços como energia e água.
A Ordem dos Advogados do Brasil, seção Bahia (OAB-BA), pretende
recorrer da resolução no Supremo Tribunal Federal (STF) e no Conselho
Nacional de Justiça (CNJ), na próxima semana (confira mais na página
A2). Para o advogado previdenciário Marcelo José Silva, a intervenção
não resolve o problema da falta de servidores. "A necessidade é
expandir, não reduzir. Nosso trabalho será prejudicado", disse.
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